Simbolismo iconográfico

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Explicação dos símbolos dos ícones

Nesta explicação, descobriremos os símbolos de dois ícones. Um é do primeiro dia da criação e o outro do segundo dia.

Primeiro ícone: primeiro dia da criação

Este ícone representa o primeiro dia da criação, quando Deus criou a luz.

Esta luz sempre foi entendida pelos santos padres não como a luz física, mas como a criação dos seres espirituais, ou seja, os anjos.

O Filho, Jesus Cristo:

Todas as coisas são criadas pela Palavra de Deus, como diz o texto hebraico da Bíblia: o Alef-Tav, ou seja, aquele que é Alfa e Ômega. Por isso, em todos os dias da criação, é Cristo quem está criando e ordenando tudo, mas é preciso entender que é Cristo antes da Encarnação. As vestes de Jesus Cristo são azuis e cor de pele. O manto azul simboliza sua natureza divina e a túnica cor de pele substitui a cor vermelha que é comum, porque aqui ainda não havia encarnado o Filho, por isso ele ainda não é verdadeiro homem. A cor de pele simboliza que ele é Filho do Pai eterno.

Cristo tem a mão direita levantada e em sua mão, eleva os dedos indicador, médio e mínimo, enquanto com o polegar segura o anelar. Este gesto das mãos significa que ele está falando e o que ele diz é “Faça-se a luz” e então a luz foi criada.

Em sua mão esquerda, ele tem um rolo de papel que simboliza a Palavra do Pai, por meio da qual todas as coisas são criadas.

Uma coisa que pode parecer estranha é que ele tem a cruz em sua auréola, mesmo que ainda não tenha encarnado e muito menos morrido na cruz pela salvação. Mas Deus, por saber tudo, já sabia que ele teria que morrer por nós desde antes da criação do mundo, e o sacrifício já havia sido decidido por Deus Pai e aceito por Deus Filho; por isso, a cruz aparece em sua auréola com linhas vermelhas, cor do sangue.

Os anjos:

Vemos no ícone dois círculos. Um maior e luminoso e outro menor e escuro que parece se afastar ou sair do maior. O maior, por sua vez, tem outros círculos dentro onde os anjos estão distribuídos.

O círculo maior e luminoso é o círculo dos anjos bons que, depois de terem sido criados, passaram no teste que Deus lhes impôs e decidiram servi-lo.

No primeiro círculo, aparecem nove anjos. Eles representam os nove coros angelicais. Os nove coros de anjos foram criados para adorar a Deus, cantando eternamente seu louvor no céu, por isso são chamados de “coros”. A vestimenta de cada anjo é diferente porque simboliza que são de diferentes coros angelicais e têm diferentes funções, poder e dignidade. As cores que mais abundam nas vestimentas dos anjos são laranja, azul e vermelho. A cor laranja significa que eles estão totalmente consagrados ao serviço de Deus para o adorar  e o servir. A cor azul significa sua pertença ao céu onde habita Deus. A cor vermelha nos anjos simboliza o amor ardente que Deus colocou em seus corações para que o amem e o adorem.

Descobrimos que depois do primeiro círculo, seguem três círculos que compartilham o mesmo fundo de cor violeta. Os três círculos concêntricos simbolizam as três hierarquias angelicais, ou seja, a hierarquia suprema que são os serafins, os querubins e os tronos; a hierarquia média que são as dominações, as virtudes e as potestades e, finalmente, a hierarquia inferior que são os principados, os arcanjos e os anjos. Os anjos que observamos nesses círculos são os da hierarquia suprema.

No primeiro círculo, que tem um fundo violeta, aparecem quatro anjos. Os quatro anjos têm seis asas. Dois têm asas laranjas e dois têm asas marrons. Os com asas laranjas são serafins e os com asas marrons são querubins. Eles têm seis asas as quais dividimos em 3 e 3, já que eles cantam continuamente a glória da Trindade sendo o três o número da Trindade. A repetição do 3 significa que foi estabelecido por Deus e assim será realizado.

Podemos descobrir uma cruz grega que é formada pelos dois serafins que traçam o eixo vertical e os dois querubins que formam o eixo horizontal.

Por sua vez, entre os serafins e querubins, vemos uma espécie de rodas ou argolas entrelaçadas que têm asas, estes são os tronos. Esses anjos são os que servem perto do trono de Deus.

O círculo escuro:

O segundo círculo que surge do primeiro é um círculo escuro que representa os anjos que não passaram na prova e, por sua soberba, foram condenados às trevas do inferno. Entre eles está seu líder Lúcifer. Ao contrário dos anjos bons que estavam todos organizados e em relação harmônica uns com os outros, esses anjos estão em completo desordem, ou seja, caos. Eles são escuros por terem se afastado de Deus, que é a luz. E os pontos brilhantes lembram o trecho do Apocalipse onde os anjos são representados como estrelas, mas pela cauda do dragão vermelho de sete cabeças caem na terra. Também simbolizam que, apesar de terem caído e se transformado em demônios, ainda conservam em si bondades e dons que lhes foram dados por Deus.

Segundo ícone: segundo dia da criação

Este ícone representa o segundo dia da criação: a separação das águas e a criação do firmamento.

Jesus:

Os simbolismos de Jesus são os mesmos que no ícone anterior, com a diferença de que a túnica de Jesus neste ícone é cor de rosa, mas tem o mesmo simbolismo que no anterior.

O que muda neste ícone em relação ao anterior é a mão de Cristo. Cristo tem a mão direita levantada e, em sua mão, eleva os dedos indicador e mínimo, enquanto com o polegar segura o anelar e o médio. Este gesto das mãos é usado quando se está falando e citando um texto específico da Sagrada Escritura. Neste caso, são as letras escritas no fundo dourado do ícone que dizem que Deus separou as águas de cima das águas de baixo.